quarta-feira, 18 de novembro de 2009

POEMA AO FILHO QUE FICOU

Zélia Botelho

Jesus contou certa vez
Uma história emocionante
De um pai que tinha dois filhos
O mais velho, responsável,
Ajudava o pai no campo
O mais novo, inconseqüente,
Inquieto e inconstante,
Preferiu deixar o lar
Partiu pra uma terra distante.

O restante da história
Todos devem conhecer
O que partiu, perdeu tudo,
Os bens, amigos, prazer!
E estando assim na pior
Lembrou do lar que deixara
Onde até os empregados
Tinham mais do que lhe sobrara,
Nos anos desperdiçados!

O bom filho que ficou,
Ao vê-lo voltar um dia,
Recebido com amor,
Pelo pai, com alegria,
Exclamou aborrecido,
Irritado, incompreensivo:
“E eu, pai? E eu que fiquei?
Eu que nunca te deixei,
Que prova me dás de amor?!
***
E dois mil anos depois
A história se repetiu
Na família de um pastor,
Quando um dos filhos partiu...
Não tanto quanto o da história,
Que do Senhor se afastou,
Mesmo assim deixou o lar,
O pai tristonho num canto
No outro a mãe a chorar!

Como na velha parábola,
O bom filho que ficou
Vendo a mãe sempre chorado,
Igualmente protestou:
“E eu mãe, eu não sou nada?
Eu que fiquei ao teu lado
Não sou teu filho também?
Por que derramas teu pranto,
Por quem amor não te tem?!

E aquela mãe respondeu:
“Filho, tu estás em casa,
E tudo que é meu, é teu!
Mas o teu irmão ausente,
É moço triste e carente!
Não vai encontrar lá fora,
O que desfrutas agora,
Amor e compreensão,
Nos momentos de aflição.


Tu és filho, moço alegre!
Descontraído e feliz!
Tens amor, paz e equilíbrio,
E em tudo és bem sucedido!
Mas teu irmão que partiu
Leva um coração vazio
Não sabe o que quer da vida
Não dá valor à família,
Ao lar que lhe dá guarida!


E o bom filho que ficou
Compreendeu a razão
Por que o irmão que partiu
Gozava de mais afeição
E quando o irmão voltou
Trazendo alegria ao lar,
Esse filho que ficou
Também pôde se alegrar
Pois amor, tanto se tem
Quanto mais amor se dá!

São Paulo, 6/01/1981
ENSINA-ME A CONTAR
OS MEUIS DIAS

Zélia Botelho

Senhor! Sei que cheguei
No limiar da eternidade.
Trilhei um longo caminho,
Estou avançada em idade!

Disseste em Tua Palavra
Que a vida do ser humano
Não deveria passar
Além dos oitenta anos

Pois quem disto ultrapassasse
Por ser robusto e “sarado”
O melhor que lhe alcançasse
Seria canseira e enfado.

Mas, Senhor, ultrapassei
Já vão-se oitenta e uns quebrados
Mas ainda não cheguei
Aos dos meus antepassados!

Durante todo esse tempo
Tu tens sido o meu refúgio
Em Ti sempre encontro alento
E encontro abrigo seguro.

A casca que me criaste
Com prazo de validade
Gastou-se ao longo do tempo
Ficou sem utilidade!

Mas o miolo, Senhor
Que o corpo tem carregado
Este é teu e com amor
Foi muito bem preservado!

Pois minh’alma que é eterna
Sei que um dia irá ganhar
Um corpo também eterno
Que nunca irá se gastar!

Por isso Senhor me ensina
A contar esses meus dias
Para que ao final eu alcance
A plena sabedoria!


(Junho de 1995)










QUE TE DAREI, SENHOR

Zélia Botelho

Ouvi a voz de Cristo a me dizer
Que é dos talentos que te confiei!
E eu vi surpresa, olhando para trás,
Quantos momentos já desperdicei.
Senhoe! pensei: Que tenho feito?
Que fiz dos longos anos que me deste?
Tantos anos, fartos anos, lindos anos,
Uma vida toda! Mente sã, corpo são
Com tanto pra fazer, com tanto pra viver,
E tudo em vão!
E agora, que te darei Senhor?
Que tenho eu em mãos pra te entregar?
Nada fiz completo, nada fiz perfeito,
Fui vivendo a vida assim, de qualquer jeito.
Não fui organista, nem cantora;
Não fui poetisa, nem escritora;
Quis pregar, ensinar,
Mas nada pude ser...
Faltou poder!
O Senhor mesmo afirmou:
"Sem mim, nada podeis fazer..."
Por isso, amado Jesus, aqui estou
De mãos vazias, sim, porém disposta
A recomeçar de onde parei,
A ser o que quiseres, ó meu Rei!
Dá-me de ti Jesus, a vida que vem da cruz!
Dá-me poder, Senhor,
Derrama em mim o teu imenso amor!
Para que eu possa assim também amar
Com o amor que vem de ti, amor sem par!
Amar as almas perdidas,
Amar ao meu irmão
E amar a Ti também, de todo o coração.
E só assim, então, poderei granjear
Outros tantos bens, com os dons que me tens dado
Para que assim eu tenha o que te dar,
Quando comparecer ao teu altar!


ADEUS CRIANÇA
Zélia Botelho
02/04/1982
Parece que foi ontem
Quinze anos fazia!
E vivia
Qual nova “Cinderela”
Meiga e bela
Em meio à bicharada de pelúcia...
Hoje o “pimpão”, coitado!
Empoeirado,
Esquecido num canto do quarto,
já não lhe faz companhia...
E as bonecas, guardadas,
Empilhadas,
No alto do armário,
Já não embalam seus sonhos
tão risonhos,
do tempo de criança
Em lugar do “pimpão”,
nova ilusão
preenche os sonhos seus.
É que o amor chegou!
E a menina tristonha,
e sonhadora,
virou mulher!
O príncipe “desencantado”
e enamorado,
ocupa o seu vazio.
Seus olhos
Não têm mais a meiguice pueril
Da adolescente insegura.
Mas o brilho penetrante e feliz
de quem perscruta o futuro...
E ao vê-la assim,
Ansiosa e palpitante,
Nos áureos sonhos seus,
Lembro-me da meiga criança
Que o tempo vai levando
pouco a pouco...
E breve, muito breve,
Me dirá: Adeus!
SÚPLICA DA OVELHA

Zélia Botelho


Senhor, sê meu Pastor!
Supre minh´alma faminta e angustiada
Conduz-me às pastagens verdejantes
Da tua augusta Palavra
Nutre-me Senhor!
Ensina-me a descansar em tua Providência
Sabendo que nada me faltará
Porque estás comigo.
Mal nenhum chegará à minha tenda
Nenhuma maldição me atingirá,
Porque me livrarás desses perigos
E aplacarás os dardos do inimigo.
Sê, Senhor, o meu Pastor!
Restaura a minha fé enfraquecida
Pelos constantes embates desta vida
Ensina-me a andar sempre em teus passos,
Guiada pelo teu santo cajado
Faz de tua serva ovelha mansa e obediente
Movida pelo amor a Ti somente!
E se eu tiver de atravessar o vale escuro
Onde a morte ou sua sombra me apavorem
Que a tua mão a minha mão segure,
Não deixes que a angústia me devore!
Sê Senhor, o meu pastor!
Não deixes que o inimigo me atormente.
Rindo de mim, dos meus fracassos, meu temor
Mas na presença dele, confiadamente,
Prepara-me um banquete, meu Senhor!
Mesa farta de paz, mesa farta de amor
Farta de adoração de regozijo e louvor!
Sê, Senhor, o meu pastor!
Renova cada manhã em minha vida
A tua Misericórdia sem medida
E que a tua bondade me acompanhe
Todos os dias em que eu aqui andar,
E que ao final, em teus braços divinos
Eu possa eternamente descansar!
NOLTALGIA

Zélia Botelho

Minha vida sem você é assim:
Luz que se apaga
Fogo que se acaba
Noite mergulhada na escuridão...
Minha vida sem você é assim:
Céu sem estrelas
Barco sem velas
Ave perdida na imensidão...
Minha vida sem você é assim:
Sol que não aquece
Sonho que se esquece
Nuvem que se desfaz na amplidão...
Minha vida sem você é assim:
Canto de saudade
Busca e ansiedade
Amor e solidão...
Minha vida sem você...
Para que cantá-la?
para que?
Não tem mesmo sentido
Minha vida sem você!

POEMAS ZELIA

MULER MÃE

Zélia Botelho

Neste dia em que o mundo te dedica
Uma tão justa merecida homenagem
Quero dizer o que significa
Para o meu ser a tua “santa” imagem!

És um farol a alumiar meus passos
É uma flor a perfumar minh’alma
És fortaleza quando sou fracasso
És paciência quando perco a calma!

Tudo isto és para mim, oh mãe querida!
E és muito mais, o que não sei dizer.
Mas pra cantar, oh mãe, os teus encantos

Uma palavra só se faz mister:
Porque teu nome, oh mãe, resume um canto,
Porque tu és, oh mãe, tu és: MULHER!
NATAL ETERNO

Zélia Botelho Nogueira

Natal, é sempre Natal!
Estejam os corações tristes ou alegres.
Haja sinos tocando, música nas igrejas
Ou haja só carnaval, haja só bebedeira.
Haja famílias ao redor da mesa,
Haja irmãos, haja amigos, haja risos,.
Haja peru, panetone, doces mil,
Ou não haja ninguém, haja saudade,
Haja vazio.
Haja ceia, haja presentes, haja brilho;
Haja música no ar, haja foguetes
Ou não haja festa,
Haja fome, haja choro, haja dor,
Haja tristeza, haja doença, haja carência,
Haja miséria, haja terror!
Natal, é sempre Natal!
Natal, é luz, Natal é amor
Natal é o nascimento de Jesus
O Salvador
A luz que veio ao mundo,
Trazer paz, trazer bonança,
E a muitos corações, veio trazer esperança,
Esperança de alegria, de consolo,
Esperança de um lugar,
No seu eterno lar
Onde não haverá mais choro,
Onde não haverá saudade,
Onde será sempre Natal!
Haverá sempre anjos cantando,
Haverá sempre estrelas brilhando,
Haverá sempre júbilo,
Haverá canção,
E ninguém mais sentirá vazio,
Nem solidão.
Porque o "meigo bebezinho"
Que hoje nos emociona,, cresceu,
Tornou-se o Cordeiro de Deus.
Deu sua vida na cruz,
O meigo infante Jesus!
Morreu, ressuscitou,
Para vir a ser o seu
E o meu Salvador!
E está à destra de Deus
Esperando consolar,
Os corações quebrantados,
Que seu convite aceitar.
E então, será sempre Natal
Haverá luz, haverá riso, haverá canção
E jamais haverá dor, nem solidão
Pois o próprio "menino Jesus"
O Rei glorificado,
Encherá todos os corações.
SAUDADE
: Zélia Botelho
Quando você partiu,
Tudo ficou diferente...
O violão esquecido no recanto da sala
Emudeceu...
A eletrola,
Já não solta mais os sons dolentes
Das músicas que falam da terra
E das gentes
Na voz de Milton Nascimento!
O quarto, agora ordenadamente arrumado
Já não me traz alegria,
Porque, a casa ficou
Estranhamente vazia
Desde que você partiu...
Já não se ouvem mais
Gostosas gargalhadas ao telefone
Nem o “arrulhar de pombinhos” enamorados
Nas tardes de domingo
Quando você e sua amada
Compartilhavam experiências vividas
No tempo em que estiveram separados!
Em lugar da alegria exuberante
Que enchia a casa
À hora do almoço
Quando você chegava faminto
Gritando: “tudo, tudo!”
Ficou apenas o” tic-tac” nostálgico
Do relógio
Lembrando a cada minuto,
Que você não vai chegar!...
É a espera ansiosa pelo toque da campainha
Que anuncia a passagem do carteiro,
E a frustração da espera inútil
Pela carta que não veio!...
Aqui, acolá, uma peça de roupa,
Um livro, u’a música...
Sempre existe algo que lembra você
Há um toque de saudade em tudo,
Em tudo que ficou
Só porque você partiu,
E me deixou!...

POEMAS ZÉLIA

sAU
Saudades do tempo de juventude!
25 anos.


Bodas de Ouro de nossos amigos Regina e Nereu-Pindamonhangaba-SP (2009)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

MINHA SAUDOSA MÃEZINHA COM A WANA


Fotos de Meus Familiares















MENSAGEM A MINHA MÃE
De: Zélia Botelho
Mãezinha! Hoje pensei em ti e chorei,

Chorei porque não estás junto a mim.
Chorei porque neste dia, - Dia das Mães
Quando todos os filhos desejam beijar
e abraçar aquela que lhes deu o ser,
meus braços te buscam em vão;

meu beijo paira no espaço,
pois tua imagem é apenas um sonho, uma ilusão.

Mãezinha ! Hoje pensei em ti e chorei.
Chorei porque a saudade do teu sorriso
e da tua contagiante alegria,
pungiu-me o coração, pelo desejo incontido de rever-te!

Mãezinha ! Hoje pensei em ti e chorei.
Chorei pensando nos sacrifícios
que tens feito pelos teus filhos,

nas privações que tens passado pelos teus filhos,
nas lágrimas que tens derramado por teus filhos.
E porque és imensamente boa, e imensamente caridosa,
renuncias ao conforto, à paz e ao descanso
que poderias desfrutar, nos dias presentes,

para sofrer com teus filhos, para lutar com teus filhos,
para viver com teus filhos.

Mãezinha ! Hoje pensei em ti, e sorri.
Sorri porque apesar da grande distância que nos separa,
tenho-te perto, juntinho de mim, dentro do coração.
Sorri porque o amor é mais forte
do que tudo e do que todos,

transpõe vales e montes, rios e florestas,
une dois corações por mais distantes que estejam.
Mãezinha ! Hoje pensei em ti e sorri.
Sorri pensando no teu sorriso,
sorri pensando no teu meigo olhar,
sorri pensando no teu grandioso amor.
E então, por um momento, foi como se me sorrisses,
foi como se me abraçasses, foi como se me beijasses.
Sorri de felicidade, sorri de alegria
por este dia que é todo teu.
Sorri porque te possuo mãezinha,
sorri porque sabes rir e chorar, sofrer e amar.
Mãezinha ! Chorei e sorri, sorri e chorei.
Tudo é o mesmo, tudo é amor.
Longe ou perto, que importa ?
Mãezinha ! Beijo-te. Beijas-me.
Este é o teu dia, este é o nosso dia !!!
Te Amo!!!
FLOR DE ABRIL

De: Zélia Botelho

Primavera da vida és, flor mimosa
Meiga rosa em botão, tenra, medrosa
Terno desabrochar de pétalas macias,
Enchendo de perfume, o outono de meus dias!

No jardim do meu ser, o plácido encanto
De teus gestos, flutua em cada canto
Qual leve farfalhar de asas multicores
Sugando alegremente o néctar das flores...

Os teus olhos castanhos, meigos, transparentes,
Refletem a candura e a beleza inocentes,
Do teu mundo infantil, envolvido em carícias
De bonecas, “pimpão” e bichinhos de peliça!

A graça pueril do sorriso esboçado
No vago entreabrir dos lábios delicados
É um quadro singular, de divinal beleza
Ofuscando o esplendor da própria natureza!

Ao supremo Senhor, autor da criação
Que teus traços moldou, com tanta perfeição!
Eu ergo extasiada minh’alma agradecida
Pela bênção que és, filhinha, em minha vida!

Neste dois de abril, quinze anos completas
E em breve hás de deixar, o “Pimpão” e as bonecas
Por isso rabisquei esses versos, que te dou,
Tão pobres de poesia, mas tão cheios de amor!

(Escrito para minha filha Wanelly, nos seus
15 anos . SBCampo 2/4/77).
PARECE UM SONHO

De: Zélia Botelho

Há muito eu te esperava! E no meu sonho lindo,
Nem podia compor do teu rostinho os traços
Fazia mil castelos e adormecia rindo,
Afagando a esperança de sentir-te em meus braços...

E tu chegaste enfim. Trazias no rostinho
Meigo e aveludado, a doçura do céu
E os olhinhos tão meigos e tão rósea a boquinha,
Toda graça escondida em alvo e fino véu!

Um ano se passou! Hoje te vejo, filhinho,
Apagando a velinha e puxando o carrinho.
Correndo e rindo... até parece um sonho,

Que aquele bebezinho, meigo e sonolento,
Ficasse tão traquina e tão alvorocento!
Que fico a repetir: Até parece um sonho!

DE MÃOS DADAS

De: Zélia Botelho

Vê querido as pegadas que aparecem
Ao longo da estrada que trilhamos?
São as pegadas do divino Mestre
Que ao nosso lado vinha, caminhando...

São vinte e cinco anos de mãos dadas
Construindo de amor, o “ninho” amigo
Onde os filhotes, livres de perigos
Aconchegados vivem, sem cuidado!

Mas não foi só de flores, o caminho
Pois como às rosas, nascem os espinhos
À nossa vida vieram desenganos...

Mas, quando às vezes forças nos faltavam
As mãos do Mestre-Amigo sustentavam,
Todo o peso da dor que carregamos!...

(Escrito em 07/10/81, em homenagem ao
meu querido esposo, ao ensejo dos nossos
25 anos de casados).
O PRIMEIRO BEIJO

De: Zélia Botelho

Faz tanto tempo...
As lembranças me acodem à mente
Como imagens quase apagadas
De sonhos que se perderam
No passado da menina-moça!

Era noite de lua nova
No céu escuro
Pequeninos pingos fosforescentes
Brincavam de esconde-esconde
Saudando o início da primavera.

A brisa fresca da praia
Soprava em nossos rostos
Deixando-os ligeiramente úmidos
E levemente salgados
Com cheiro acre de mar!

Caminhávamos lentamente,
De mãos dadas,
Sem dizer palavra...
Deixando apenas que o silêncio
Unisse nossos sentimentos...

Teu coração batia acelerado
Enquanto eu,
Qual pássaro assustado,
Tremia de emoção
Quando nossos lábios se encontraram!

Foi um momento de imensa ternura
Que o tempo não conseguiu apagar...
Pois não há emoção mais pura,
Por mais que se viva ou que se ame
Que a emoção do primeiro beijo!

(Escrito em homenagem ao meu amado
esposo, pelo ensejo dos nossos 25 anos
de casados, em 09/10/81)

AMOR DE OUTONO

De: Zélia Botelho

Na primavera dos dezoito anos
Cantei-te o meu amor!
Um amor ardente, cheio de áureos sonhos
Como um jardim em flor!

Neste jardim da vida, esvoaçando,
Qual meigo beija-flor,
Ias de flor em flor, delas sugando,
O néctar do amor!

Mas, o tempo passou, veio o outono!
Foram-se as flores, vieram já os pomos
Que outros jardins darão a florescer...

E embora já vá longe a “primavera”
Ainda canto o amor, velha quimera,
Um grande amor, que nunca há de morrer!...

(Ao meu querido esposo, em 23/09/81)
A FORÇA DO AMOR!

De: Zélia Botelho Nogueira

Canta o sábio Salomão
Sobre a força do amor
Diz que esse amor é tão forte
Quanto invencível a morte!
Pois ainda que a tormenta
Contra esse amor se levante
E as muitas águas o afoguem
Com desventuras constantes,
Ele imbatível e exultante,
Sempre será triunfante!
Esse amor, já disse alguém,
É energizador das palavras,
Legitimador das virtudes
E a alma das ações...
Ainda que as divergências
Abatam os corações,
Esse amor é a resposta
A quaisquer contradições
Já aos crentes de Corinto
O apóstolo escreveu
Que esse amor é desprendido
Não pensa só no seu "eu".
É um amor paciente;
É um amor benevolente;
Um amor que tudo sofre
E confia alegremente.
Esse amor jamais acaba
Vai conosco para o céu
Esse amor não é desse mundo
É o amor que vem de Deus!



QUE TE DAREI, SENHOR

De: Zélia Botelho Nogueira

Ouvi a voz de Cristo a me dizer
Que é dos talentos que te confiei!
E eu vi surpresa, olhando para trás,
Quantos momentos já desperdicei.
Senhoe! pensei: Que tenho feito?
Que fiz dos longos anos que me deste?
Tantos anos, fartos anos, lindos anos,
Uma vida toda! Mente sã, corpo são
Com tanto pra fazer, com tanto pra viver,
E tudo em vão!
E agora, que te darei Senhor?
Que tenho eu em mãos pra te entregar?
Nada fiz completo, nada fiz perfeito,
Fui vivendo a vida assim, de qualquer jeito.
Não fui organista, nem cantora;
Não fui poetisa, nem escritora;
Quis pregar, ensinar,
Mas nada pude ser...
Faltou poder!
O Senhor mesmo afirmou:
"Sem mim, nada podeis fazer..."
Por isso, amado Jesus, aqui estou
De mãos vazias, sim, porém disposta
A recomeçar de onde parei,
A ser o que quiseres, ó meu Rei!
Dá-me de ti Jesus, a vida que vem da cruz!
Dá-me poder, Senhor,
Derrama em mim o teu imenso amor!
Para que eu possa assim também amar
Com o amor que vem de ti, amor sem par!
Amar as almas perdidas,
Amar ao meu irmão
E amar a Ti também, de todo o coração.
E só assim, então, poderei granjear
Outros tantos bens, com os dons que me tens dado
Para que assim eu tenha o que te dar,
Quando comparecer ao teu altar!



NOLTALGIA

Minha vida sem você é assim:
Luz que se apaga
Fogo que se acaba
Noite mergulhada na escuridão...
Minha vida sem você é assim:
Céu sem estrelas
Barco sem velas
Ave perdida na imensidão...
Minha vida sem você é assim:
Sol que não aquece
Sonho que se esquece
Nuvem que se desfaz na amplidão...
Minha vida sem você é assim:
Canto de saudade
Busca e ansiedade
Amor e solidão...
Minha vida sem você...
Para que cantá-la?
para que?
Não tem mesmo sentido...
Minha vida sem você!

(Zélia - 7/07/72)

QUEM SOU EU?

QUEM SOU EU

Quem sou eu?
Quem pode dizer,
quem eu sou,
Senão você?
Você que me escuta,
Você que me sente,
Você que me vê?
Sou boa amiga?
Boa companhia?
Quem pode saber,
Senão você?
Sou inteligente?
Sou boa escrevente?
Ou seria mais apreciada,
Se não expressasse nada?
Sou talentosa?
Sou boa de prosa?
Ou você daria um cruzado
Pelo meu ”bico” calado”?
Não sei mesmo quem sou,
Mas sei o que quero ser!
Quero ser sua amiga,
E você?!

Visita dos irmãos a casa do Bene


segunda-feira, 13 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Fotos antigas da Família


INGENUIDADE E TEIMOSIA

Zélia, tu és minha irmã querida
Cúmplice e parceira de minha infância.
Tua morenice é uma herança paterna,
Ingênua teimosia, herança materna,
Perfil que dá sentido a tua vida.

Lembro-me que nasceste bem ali
Na rua Teodoro, o Conselheiro,
No décimo sexto dia de fevereiro,
Filha de Nair e João Botelho,
Nos altos do bairro do Zumby.

Casaste com um jovem seminarista
E fosses morar na distante Boa Vista,
No antigo território do Rio Branco,
Para evangelizar tribos indígenas
Escondidas nas selvas do Amazonas,

Enquanto Élio sobrevoava aldeias
Lançando folhetos e presentes,
Ou subia o rio em barco de alumínio,
Tu atendias a comunidade carente,
E maternavas o Edílson e o Stênio.

Mas a malária cobra seu tributo
E a família muda-se para Manaus,
Onde nasce a princesa Wanely...
Edílson é o futuro pastor e parceiro
De Stênio Marcius em “O tapeceiro”.

O tempo cobra de ti seu tributo,
Desenhando em tua face pergaminhos,
E no teu olhar a expressão da saudade.
“Que o Senhor te proteja e te guarde,
E faça prosperar os teus caminhos”.

Besaliel F. Botelho
16 de fevereiro de 2007